Tecendo a Manhã – Marcelino Freire

Vivemos agora as consequências da pandemia. Isolados em casa, misturam-se em nós a vontade de expressão do sentimento íntimo com a necessidade de ouvir o que diz a ciência. Como no poema Tecendo a Manhã, de João Cabral de Melo Neto, em que a lírica é tecida com os fios da razão, nos irmanamos com a ideia de que será preciso unir os cantos de cada um – a partir de nossos quartos, casas e quintais – para forjar uma nova realidade. Convidamos pessoas da cultura e artistas de várias linguagens para gravar um vídeo curto, dizendo aos outros aquilo que lhes parece ser mais importante diante desta situação-limite.

O escritor Marcelino Freire lê trecho de A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa

O escritor Marcelino Freire lê trecho de “A hora e vez de Augusto Matraga”, de João Guimarães Rosa.

MARCELINO FREIRE nasceu em 1967, em Sertânia, PE. Vive em São Paulo desde 1991. Escreveu, entre outros, “Contos Negreiros” (Editora Record, 2005), com o qual foi vencedor do Prêmio Jabuti, livro também publicado na Argentina e no México. Em 2013 lançou, pela Editora Record, o romance “Nossos Ossos” (Prêmio Machado de Assis), também publicado em Portugal, na Argentina e na França. Em 2018 lançou “Bagageiro” (finalista do Prêmio Jabuti 2019), reunindo o que ele chama de “ensaios de ficção” (Editora José Olympio). É o criador e curador da Balada Literária, evento que acontece desde 2006 em São Paulo. Também é conhecido por ter suas obras frequentemente adaptadas para o teatro, a exemplo de grupos como o Coletivo Angu de Teatro, do Recife e o Grupo Clariô, de Taboão da Serra.

CENA ABERTA publicará os vídeos, às segundas, quartas e sextas-feiras. Agradecemos muitíssimo a todos e todas que puderam e quiseram responder ao nosso chamado. Nossa intenção é construir com essas vozes ora isoladas não só um coro, como também um registro, um documento crítico-afetivo sobre o presente.