Gardênia celebra o amor que sabe esperar

Se em geral nos romances de García Marquez é o dado local e histórico que, cruzado com o mito, remete às generalizações poéticas em que se assenta o realismo sui generis que popularizou o autor, neste romance, O amor nos tempos do cólera, parece acontecer o inverso. Sem perder de vista o contexto histórico (os “tempos do cólera” em uma cidade latina no século XIX) é a mitologia pessoal que ilumina e dá perspectiva ao entorno. A percepção fina desta inversão é o que parece mover a dramaturgia de Gardênia, assinada por Ana Roxo. A incisão feita no romance extrai dele, e de uma maneira intencionada, a linha mestra que no espetáculo aparece recortada: a relação resistente entre Florentino Ariza e Fermina Daza e a cronologia de um amor em tempo de espera. Todo o resto, do ambiente às outras personagens, é aproveitado em apoio a este eixo.

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“O amor exala o perfume da utopia” – Entrevista com Luis Mármora

Uma narrativa sobre a paixão resistente, O amor nos tempos do cólera (1985), de Gabriel García Marquez,conta sobre um casal – personagens inspirados nos pais do autor – que se conhece e se relaciona através de cartas em uma cidade caribenha na passagem do séc. XIX para o XX. Um telegrafista, a filha de um comerciante. Separados, guardam-se por mais de cinquenta anos até o reencontro na maturidade. Adaptado para o teatro pela dramaturga Ana Roxo e representado por Luis Mármora e Cybele Jácome, com direção de Marat Descartes, o espetáculo Gardênia é uma bonita encenação, com longevidade também fora da ordem. Completa agora dez anos em repertó

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